26 de abr. de 2009

"Não nascemos prontos" e Seu Pereira!!




Neste domingo, fui a Bienal do Livro aqui em Salvador. Acompanhado de minhas duas mulheres (Dani e Claúdia), comprei algumas publicações. Algumas para minha filha, outra para minha esposa e só uma para mim.

Essa tal publicação tem o seguinte título: "Não nascemos prontos! - Provocações Filosóficas" do Mario Sergio Cortella. Aliás, esse cara é um ser midiático, já o vi nos jornais globais e pelo que li na orelha do seu livro, faz diversas palestras por aí afora. O livro supracitado (com a nova lei não sei se a grafia está correta e ainda estou com preguiça de procurar, mas vamos lá...) traz algumas reflexões como o título sugere. Uma dessas, inclusive, me fez voltar para o passado e lembrar-me do Seu Pereira.

Essa figura a que me referi acima era um dos mais exímios tocadores de bandolim que já vi. O seu filho, Geraldo, não ficava atrás, tocava maravilhosamente o violão. Lembro-me das tardes dominicais quando eles apareciam no bar do meu pai, nos qual seu criado aqui trabalhava. Eles não vinham sempre. Na verdade, as suas visitas eram "de caju em caju", como dizemos aqui no Nordeste. Entretanto, tais visitas eram um deleite para alma, pois além de ouvir boa música, podia-se aprender com a sabedoria do Seu Pereira, que do alto da sua grisalhice contava os mais interessantes causos de sua vida, já bastante vivida.

Então, podem perguntar os que estão lendo esse texto, o que tem a ver o Seu Pereira com o tal livro do tal filósofo? Muita coisa, digo. No primeiro texto de Mário ele fala sobre o quanto a não-satisfação é boa para o ser humano. Segundo ele, quando estamos plenamente satisfeitos, estagnamos. Precisamos estar sempre em busca de algo, caso contrário, ficaremos relegados à involução da espécie.

Pois bem, Seu Pereira sabia bem disso e, tenho certeza, mesmo sem ter lido grandes filósofos, tinha a sua própria filosofia, bastante peculiar. Ele costumava dizer, sempre aos que se deliciavam com sua música e pediam bis, que as músicas deveriam sempre acabar com um "gostinho de quero mais". Seu Pereira não repetia, de forma alguma, uma música recém-executada. Ele entendia o que Mário Sérgio dizia, ou seja, tudo precisa ter um gosto de incompletude...

Pois é, viva Seu Pereira!!

Viva a filosofia de botequim!!! Viva!!!

Alberto Miranda.

19 de abr. de 2009

Coisas Pequenas

Somente as coisas pequenas
Que podem ser "insignificantes"
Fazem as situações amenas
Ser como cristais e diamantes

Temperam o ser e o nada
Enchem a alma de alegria
Como longos contos de fada
Como a simples e suave melodia

De uma canção de um novo tempo
Tempo de ser gente, gente normal
Como a harmonia do firmamento
Uma fogueira numa noite de lual

O mundo parou um instante
Um breve instante apenas
Para não chamar mais de "insignificante"
As grandes, coisas pequenas.

Caganeira é uma merda!!!




É interessante como certas coisas em nossa vida são traumáticas. Na minha, especificamente, tem uma coisa que é extremamente desagradável e traumatizante: caganeira! É isso mesmo, quem nunca sentiu aquela dor de barriga no momento mais inusitado ou mais impróprio para acontecer, no qual o banheiro é sempre a coisa mais distante e difícil de achar? Pois é, sofri muito com essa coisa infame, da qual nenhum de nós, seja rico, pobre, negro, indígena, diretor de multinacional, está imune. Lembro-me da minha primeira, traumática, mas com um final feliz e que, por isso mesmo, partilharei com aqueles que tiverem acesso a esse relato.

Tudo começou da forma mais errada possível. Morava no subúrbio de Salvador e fazia um curso de inglês no bairro da Pituba. Para aqueles que não sabem, esse referido bairro é bastante distante de onde morava. Além disso, os ônibus para chegar a esse local eram poucos e não raro estavam sempre abarrotados de gente, sobretudo nos horários de pico. Pois bem, para completar meu infortúnio, acordei atrasado para aula. Corri e me arrumei em exatos 5 minutos (até hoje não sei como consegui tal façanha!!). Andei para o ponto de ônibus e, depois de uma espera de mais de 15 minutos, eis que chega o meu ônibus que, para variar, estava lotado. Sem titubear, entrei no referido buzu e fui me ajeitando para conseguir um local no corredor, em pé e com total desconforto. Como bem diz a Lei de Murphy, não há nenhuma situação que não possa piorar! Enfrentei um engarrafamento de mais de 50 minutos e quando já estava chegando ao meu destino, mais ou menos nas proximidades da Igreja de Brotas, surge aquela dor fina e inevitável. Pensei comigo mesmo "Vou segurar até chegar à escola". Ledo engano, a dor tendeu a piorar e comecei a suar frio, depois senti terríveis calafrios, seguidos de um desespero difícil de ser controlado. Entrei em pânico ao notar que deveria enfrentar, mais ou menos, uma andada de 5 metros entre as mais de 60 pessoas que se encontravam no ônibus. Para aqueles que nunca enfrentaram tal situação, sugiro nem pensarem como seria a coisa!!!! No desespero que me encontrava, acabei passando por todo mundo e pedindo ao motorista que parasse, pelo amor de Deus!!! Desci desesperado, sem rumo, sem saber o que fazer, só sentindo aquela dor fina e escabrosa!! Para minha sorte (ou azar, sei lá!!) deparei-me em frente de uma padaria e perguntei ao balconista: "Moço (a voz trêmula), onde tem um banheiro aqui?" E o cara com a voz mais solícita diz, "Pergunte aquele moço lá do outro lado!!!". Sem poder me mover direito (vocês devem imaginar o porquê, não é?!), fui falar com o referido moço e ele me repondeu que o banheiro ficava nos fundos da padaria. Pensei comigo: "Graças a Deus". Chegando ao referido local, deparo-me com uma visão do inferno: banheiro sujo, fedido, com as paredes pintadas de preto (ou sujas, não dava para perceber, pelo desespero em que me encontrava!!!) e uma lâmpada incadescente que pela sua posição ficava bem em cima da cabeça de quem estivesse sentado no vaso. Pensei comigo, "Em condições normais, nunca entraria aqui!!!!". Acontece que a minha situação estava longe de ser normal. Sentei e relaxei!!!!! Depois disso, agradeci aqueles moços que me ajudaram e segui para a aula de inglês, muito mais aliviado!!!

Pois é, esse relato foi motivado pela minha situação atual: na noite passada vivi um momento de rei, do trono para cama e da cama para o trono.
Fazer o quê? É a vida.
Fui.