24 de ago. de 2009

Relato de um show....

Depois de muita insistência de minha amada esposa, que queria muito ir ao show do Roupa Nova, adquiri os ingressos e me preparei para a maratona que é ir a um show.

Em primeiro lugar, fiquei impressionado com o mix de atrações. Na mesma noite, uma banda de sertanejo chamada "Seu Maxixe". Fiquei logo impressionado com o nome e ao mesmo tempo me veio aquela pergunta infame: "Será que virá o Seu Giló, também?". Entretanto, para minha sorte e talvez um capricho do destino para evitar piadas posteriores, o tal grupo que imaginei não estava configurado entre as atrações. Voltando às atrações, estavam programados Zezé Di Camargo e Luciano e um tal Zé do sei lá o quê, acho que tinha um raio no meio.

Pensei com meus botões que não iria gostar muito desse tipo de banquete musical. Que fique bem claro que não tenho preconceito musical. A verdade é que não estava muito no clima de ir a um show. Mesmo assim, me preparei. A primeira coisa que você não pode esquecer de levar na hora de ir a um show é o quesito paciência. É, porque você deverá ter um caminhão dela só para aguentar o que estar por vir. Além disso, um bom preparo físico é indispensável, porque você irá ficar, como eu fiquei, umas 5 horas sem qualquer conforto.

Pois bem, chegando ao local do show, me deparei com uma fila imensa de carros buscando aquilo que todo mundo sonha: uma bela vaga. Entretanto, isso é um luxo num dia desses. Busquei ficar no estacionamento ao ar livre e, para minha sorte, encontrei uma vaga perto da entrada do local do evento. Aí, veio aquele já conhecido flanelinha pedindo a bagatela de R$ 10,00 para "guardar" o meu carro. Como não acho dinheiro no lixo e prezo pelo que ganho, protestei. Depois de muito dialogar, o companheiro que estava comigo (ah, é sempre bom levar alguém contigo, sobretudo um casal nessas horas para compartilhar o sofrimento!) resolveu pagar R$ 5,00 e a conversa morreu por ali. Segui para entrada da casa de show, ou melhor, uma improvisação de uma casa de show. O lugar era uma antigo parque aquático (Wet 'n Wild), aliás esse nome, como disse bem minha amiga Amanda é uma sacanagem. Imaginem um título de parque aquático dizendo "Selvagem e Molhado". Parece mais título de filme pornô...Deixemos isso pra lá...vamos voltar ao relato, ok? Bem, como ia dizendo, o lugar está longe de ser chamado uma casa de espetáculo. Na verdade, tudo foi improvisado e a zorra toda não oferece a infra-estrutura mínima para ninguém.

Adentrando o local, pude ver o contraste social que está na cara, mas que a gente parece não querer ver: os preços dos produtos dentro do local do show eram absurdamente mais caros que os praticados do lado de fora. Só para se ter uma idéia, havia uma promoção, do lado de fora, em que tres latas de cerveja do tipo latão, ou mais conhecida como mata guloso, eram vendidas por R$ 5,00, enquanto do lado de dentro, uma cerveja, do tipo normal, custava R$ 3,00, ou seja, um absurdo só. Cheguei ao local pontualmente às 20h45. No ingresso o show deveria começar às 20h. No entanto, nenhum som tocando. Ficamos esperando, papeando, enquanto alguma coisa acontecia.

Às 21h45, a Banda Seu Maxixe (porque teimo em lembrar do giló?) começou a tocar. Uma banda sertaneja que segundo algumas informações colhidas no local está fazendo grande sucesso. Eles fizeram o que eu, particulamente, já esperava: encher linguiça. Ficaram duas horas tocando, sempre músicas dos outros e vez por outra uma música de autoria própria. Algo interessante que eu achei foi o fato de o vocalista ser uma amante incondicional do "Arrocha", pois a cada momento ele convidava o povo para segui-lo. O show terminou e eu já estava com as pernas doloridas de ficar em pé, porque no chão pra sentar é dose, só aos 45 do segundo tempo...

Por volta das 23h45, a banda Roupa Nova, que pelo tempo de existência deveria se chamar Roupa Velha, começou a tocar. Gosto muito do Roupa Nova e é interessante que eles estejam ainda na estrada e sendo amados por essa nova geração. Fiquei impressionado como jovens de pouco mais de 20 anos cantavam as músicas que eram da mesma idade deles. Isso prova que os anos 80 até hoje imperam. Que nostalgia... O show foi marcado pelo uso do telão, sobretudo para apresentar as músicas novas do mais novo álbum da banda, gravado em Londres, naquele estúdio que tudo que é banda quer gravar. Permitam-me uma divagação, imaginem o Psirico gravando em Londres? Acho que seria um estouro...Voltando ao Roupa, o final do show foi emocionante, porque eles fizeram um pout-porri de clássicos do rock como Pink Floyd, Beatles, Guns 'N Roses, Queen, Eagles e até o extinto Kiss. Foi muito legal!!!!

Depois de Roupa Nova, minhas pernas já não atendiam meus comandos. Os meus pés doiam pra caramba e a vontade que eu tinha era de ir pra casa. Minha esposa me disse que o objetivo dela estava alcançado, pois já tinha visto o Roupa. Entretanto, o casal que nos acompanhava ainda queria ver a dupla sertaneja, mais conhecida atualmente como os "Filhos de Franciso". Aí foi que a coisa pegou!!!

Atendendo ao convite do casal, fomos para mais perto do palco, porque durante o show do Roupa, a gente estava bem distante. Só para explicar, os shows aconteceram em dois palcos separados e, quando terminou o de Roupa Nova, a gente estava bem perto do palco onde iria começar o da referida dupla sertaneja. Ficamos no bolo humano. As pessoas se amontoando. Já passava das 2h da manhã, mas o show da dupla demorou mais de 30min para começar. O motivo: eles tinham vindo do Rio de Janeiro depois de se apresentarem no Criança Esperança. O povo começou a vaiar e o apresentador, sempre escondido, anunciou que a dupla acabara de chegar ao local e que deveríamos esperar mais uns 10 minutinhos, que todo mundo traduz como 30 minutões. Pois bem, o show começa e o empurra-empurra também. E eu no bolo, pensando a todo momento: o que é que eu estou fazendo aqui? Fiquei assim quase o show todo. Como se isso não bastasse, o empurra-empurra aumentava quando alguns meliantes agiam e criavam tumuldo para afanar celulares de alguns. O meu, inclusive, foi numa dessas investidas...Para minha sorte, foi o meu segundo celular, que não uso com frequência. Aliás, nem sei porque tinha ele. Graças a Deus ele foi, mas não vai fazer nenhuma falta....

Depois de tudo isso, o show termina, já às 4h20 da manhã e o show daquela banda ou cantor que não acertei dizer o nome começou. Aí, foi uma tristeza, porque vi que os últimos serão os primeiros....a sofrer!!! A grande maioria foi embora, e a banda segui tocando para uma pequena platéia. Ah, eu me inclui no turbilhão de pessoas que foram pra casa...

Resumo da ópera, pés cansados, corpo dolorido e uma vontade de nunca mais ir a um show novamente...

Parafraseando Ana Carolina, "é isso aí!!!"

Até mais...

4 de ago. de 2009

Por que será?






Pelas minhas andanças nessa vida de meu Deus, me pergunto o porquê de tantas coisas que estão aí para facilitar as nossas vidas, mas que, algumas vezes, são tão paradoxais e, muitas vezes, simplesmente, contraditórias. Duas delas, em particular, chamam a minha atenção.






Caixa rápido de supermercado. Toda vez que vou comprar algo como um pacote de biscoitos, ou uma caixa de chocolates, sigo aquela indicação: caixa rápido, máximo 30 volumes. Daí, me pergunto: como 30 volumes, já que não são especificados seus tamanhos, podem configurar um serviço rápido? Outra constatação: o número de caixas , de forma paradoxal, é reduzido. Bem, seguindo o princípio da regra de três (poxa, ainda me lembro disso!!!) que estudei lá no antigo Segundo Grau, o número de pessoas envolvidas num trabalho é inversamente proporcional ao tempo de realização desse mesmo trabalho. Será que os donos de supermercado não sabem disso? Daí que, ir para o caixa rápido é sinônimo de estresse e irritação. Além disso tudo, o problema maior é que não reclamamos, não esperneamos, simplesmente nos relegamos à condição de meros espectadores, no qual os palhaços somos nós mesmos.


Papel reciclado. Fui, um dia desses, comprar uma resma de papel reciclado (pra quem não sabe ou não se lembra, resma é igual a 500 folhas). Chegando lá, me lembrei que temos que ser mais ecológicos, respeitando a natureza, blá, blá, blá. Enfim, resolvi que iria comprar o tal do papel reciclado. Peguei o pacote e nem olhei o preço, fui direto aos caixas convencionais (caixa rápido, nunca mais!!!!). No caminho, percebi vi uma gôndola cheia de papéis, não reciclados, com um preço, segundo o supermercado, em promoção. Daí, só por curiosidade, fui verificar o preço do papel reciclado. Quase caí para trás!!! A diferença chegava a R$ 2,50. Um absurdo!! Resolvi, então, não ser ecologicamente correto e comprei, é óbvio, o papel convencional. Que tristeza!!!!


Preciso dizer mais alguma coisa?


Como diz Ana Carolina, "é isso aí!!!"


Até mais.

2 de jul. de 2009

Um conto mais que interessante

Olá, para todos e todas!

Há muito tempo que não escrevo. Por que será? Já tenho a resposta: eu sou preguiçoso para escrever, apesar de gostar. Acontece que a vida da gente é muito corrida. Isso, na verdade, é uma doideira. A gente corre para poder ter mais tempo. Acontece que a gente corre, ganha mais tempo, e continua correndo...Sinais desses tempos malucos. Graças a Deus que consegui esse tempinho para escrever e partilhar aquilo que vivo. Então, publicarei aqui, com autorização do autor, um conto brilhante na sua simplicidade e leveza. É de um ex-colega de faculdade e companheiro de conversas de corredores virtuais ou não. Então, lá vai, curtam e, se quiserem, divulguem, mas sempre peçam autorização ao autor. Eis o conto:


Flamarion Silva


A rua quieta. O carro vermelho parado bem rente ao muro vizinho. O gato “Lord” sobre o muro. Começou a chover fininho. O vento agitava com leveza as folhas da roseira branca de Lídia, que àquela noite ainda não voltara para casa. A chuva começou a cair mais forte e o ruído que fez sobre o carro vermelho parado bem rente ao muro vizinho não incomodou o sono de ninguém. A água da chuva fez um córrego bem no meio da rua. Um pedaço de papel foi levado pela água e foi se desviando de pequenos obstáculos. Destino trágico. A boca negra do bueiro o engoliu faminta. O vento ficou bravo de repente e deu um safanão na roseira branca de Lídia e ela esbateu-se contra o muro. Coitadinha. A luz cor de bronze do poste tremeluziu. De repente, a constatação: a casa do vizinho estava morrendo, de tristeza. Aquela, encostada à casa de Lídia. Suas paredes tão frias! Todo o tempo fechada e nenhuma voz a lhe humanizar. Morria sem gemidos, resignada. A casa de Lídia era amarela, na varanda havia plantas nos caqueiros e no teto balançava um bebedouro de passarinho. Sua borda era vermelha e florida. O portão da casa de Lídia era branco e de ferro. Quando aberto, emitia uma risada. Mas naquele momento ele estava com feição preocupada. Vez ou outra espichava os olhos para fora, ver se Lídia já vinha descendo a rua. Mas a maior parte do tempo ele preocupava-se mesmo era com a segurança da casa. O outro portão, o da casa colada à casa de Lídia, era de madeira e já não esperava ninguém. Outrora fora alegre e muito receptível. Nos vincos de sua madeira apodrecida, a memória de um senhor e uma senhora já velhos que mudaram de casa. Nunca mais voltariam. A partir daí teve início a morte lenta desse portão. – E esta chuva que não passa. Deus queira, Lídia tenha levado a sua sombrinha japonesa e automática que faz “flop!” quando se abre – o homem pensou – Lídia é prevenida. Marluce também toma lá os seus cuidados, mas a sua sombrinha não tem o mesmo espírito alegre que tem o da sombrinha de Lídia. Não se compara. Por esse momento um vulto surgiu crescendo na parede da sala, onde o homem se encontrava, encostado à janela. Era Marluce. – Você não vem dormir? O homem não se assustou com a presença furtiva da mulher. Não era raro ela invadir os seus pensamentos. – Olhe só esta chuva – ele disse. – Vou deitar – disse a mulher, e sua sombra foi-se escorregando pela parede, sumindo-se pelo corredor. Outra vez só, com seus pensamentos e aflições, o homem ansiava por ver Lídia descer a rua, abrir o portão e a porta de casa. Precisava ter a certeza de que ela chegaria bem. Minutos se passaram. O sono já lhe fechava os olhos. – Paciência – ele disse, já dando os primeiros passos em direção ao quarto, onde, com certeza, sua mulher já passeava por sonhos distantes. Mas algo lhe disse para esperar mais um pouco, pois logo Lídia surgiria lá em cima, talvez meio ensopada de chuva, e o portão se abriria com sua habitual risada. – Sim, sim – ele agora tinha certeza, Lídia descia a rua. A sombrinha pequena esforçava-se para proteger sua dona. Não era possível ouvir os passos de Lídia, mas dentro do coração do homem algo começou a bater mais forte. Lídia abriu o portão e ele sorriu. O homem escondido na janela também sorriu tranqüilo. Poderia, enfim, ir dormir. Mas antes, olhou mais uma vez a rua. A água da chuva começou a cair com mais intensidade. Um sentimento, que o homem não compreendeu, perpassou-lhe a alma. Pungentes gotas de chuva caíam sobre o vermelho metálico do carro encostado ao muro da casa defronte. Parecia haver se instaurado um tumulto na solidão das criaturas frias, quase mortas, daquela rua.

Flamarion Silva é autor de O Rato do Capitão, da Coleção Selo Letras da Bahia (SCT, EGBA, 2006).

Quem quiser, pode ler esse e outros contos aqui: http://www.leitoracritica.blogspot.com/

26 de abr. de 2009

"Não nascemos prontos" e Seu Pereira!!




Neste domingo, fui a Bienal do Livro aqui em Salvador. Acompanhado de minhas duas mulheres (Dani e Claúdia), comprei algumas publicações. Algumas para minha filha, outra para minha esposa e só uma para mim.

Essa tal publicação tem o seguinte título: "Não nascemos prontos! - Provocações Filosóficas" do Mario Sergio Cortella. Aliás, esse cara é um ser midiático, já o vi nos jornais globais e pelo que li na orelha do seu livro, faz diversas palestras por aí afora. O livro supracitado (com a nova lei não sei se a grafia está correta e ainda estou com preguiça de procurar, mas vamos lá...) traz algumas reflexões como o título sugere. Uma dessas, inclusive, me fez voltar para o passado e lembrar-me do Seu Pereira.

Essa figura a que me referi acima era um dos mais exímios tocadores de bandolim que já vi. O seu filho, Geraldo, não ficava atrás, tocava maravilhosamente o violão. Lembro-me das tardes dominicais quando eles apareciam no bar do meu pai, nos qual seu criado aqui trabalhava. Eles não vinham sempre. Na verdade, as suas visitas eram "de caju em caju", como dizemos aqui no Nordeste. Entretanto, tais visitas eram um deleite para alma, pois além de ouvir boa música, podia-se aprender com a sabedoria do Seu Pereira, que do alto da sua grisalhice contava os mais interessantes causos de sua vida, já bastante vivida.

Então, podem perguntar os que estão lendo esse texto, o que tem a ver o Seu Pereira com o tal livro do tal filósofo? Muita coisa, digo. No primeiro texto de Mário ele fala sobre o quanto a não-satisfação é boa para o ser humano. Segundo ele, quando estamos plenamente satisfeitos, estagnamos. Precisamos estar sempre em busca de algo, caso contrário, ficaremos relegados à involução da espécie.

Pois bem, Seu Pereira sabia bem disso e, tenho certeza, mesmo sem ter lido grandes filósofos, tinha a sua própria filosofia, bastante peculiar. Ele costumava dizer, sempre aos que se deliciavam com sua música e pediam bis, que as músicas deveriam sempre acabar com um "gostinho de quero mais". Seu Pereira não repetia, de forma alguma, uma música recém-executada. Ele entendia o que Mário Sérgio dizia, ou seja, tudo precisa ter um gosto de incompletude...

Pois é, viva Seu Pereira!!

Viva a filosofia de botequim!!! Viva!!!

Alberto Miranda.

19 de abr. de 2009

Coisas Pequenas

Somente as coisas pequenas
Que podem ser "insignificantes"
Fazem as situações amenas
Ser como cristais e diamantes

Temperam o ser e o nada
Enchem a alma de alegria
Como longos contos de fada
Como a simples e suave melodia

De uma canção de um novo tempo
Tempo de ser gente, gente normal
Como a harmonia do firmamento
Uma fogueira numa noite de lual

O mundo parou um instante
Um breve instante apenas
Para não chamar mais de "insignificante"
As grandes, coisas pequenas.

Caganeira é uma merda!!!




É interessante como certas coisas em nossa vida são traumáticas. Na minha, especificamente, tem uma coisa que é extremamente desagradável e traumatizante: caganeira! É isso mesmo, quem nunca sentiu aquela dor de barriga no momento mais inusitado ou mais impróprio para acontecer, no qual o banheiro é sempre a coisa mais distante e difícil de achar? Pois é, sofri muito com essa coisa infame, da qual nenhum de nós, seja rico, pobre, negro, indígena, diretor de multinacional, está imune. Lembro-me da minha primeira, traumática, mas com um final feliz e que, por isso mesmo, partilharei com aqueles que tiverem acesso a esse relato.

Tudo começou da forma mais errada possível. Morava no subúrbio de Salvador e fazia um curso de inglês no bairro da Pituba. Para aqueles que não sabem, esse referido bairro é bastante distante de onde morava. Além disso, os ônibus para chegar a esse local eram poucos e não raro estavam sempre abarrotados de gente, sobretudo nos horários de pico. Pois bem, para completar meu infortúnio, acordei atrasado para aula. Corri e me arrumei em exatos 5 minutos (até hoje não sei como consegui tal façanha!!). Andei para o ponto de ônibus e, depois de uma espera de mais de 15 minutos, eis que chega o meu ônibus que, para variar, estava lotado. Sem titubear, entrei no referido buzu e fui me ajeitando para conseguir um local no corredor, em pé e com total desconforto. Como bem diz a Lei de Murphy, não há nenhuma situação que não possa piorar! Enfrentei um engarrafamento de mais de 50 minutos e quando já estava chegando ao meu destino, mais ou menos nas proximidades da Igreja de Brotas, surge aquela dor fina e inevitável. Pensei comigo mesmo "Vou segurar até chegar à escola". Ledo engano, a dor tendeu a piorar e comecei a suar frio, depois senti terríveis calafrios, seguidos de um desespero difícil de ser controlado. Entrei em pânico ao notar que deveria enfrentar, mais ou menos, uma andada de 5 metros entre as mais de 60 pessoas que se encontravam no ônibus. Para aqueles que nunca enfrentaram tal situação, sugiro nem pensarem como seria a coisa!!!! No desespero que me encontrava, acabei passando por todo mundo e pedindo ao motorista que parasse, pelo amor de Deus!!! Desci desesperado, sem rumo, sem saber o que fazer, só sentindo aquela dor fina e escabrosa!! Para minha sorte (ou azar, sei lá!!) deparei-me em frente de uma padaria e perguntei ao balconista: "Moço (a voz trêmula), onde tem um banheiro aqui?" E o cara com a voz mais solícita diz, "Pergunte aquele moço lá do outro lado!!!". Sem poder me mover direito (vocês devem imaginar o porquê, não é?!), fui falar com o referido moço e ele me repondeu que o banheiro ficava nos fundos da padaria. Pensei comigo: "Graças a Deus". Chegando ao referido local, deparo-me com uma visão do inferno: banheiro sujo, fedido, com as paredes pintadas de preto (ou sujas, não dava para perceber, pelo desespero em que me encontrava!!!) e uma lâmpada incadescente que pela sua posição ficava bem em cima da cabeça de quem estivesse sentado no vaso. Pensei comigo, "Em condições normais, nunca entraria aqui!!!!". Acontece que a minha situação estava longe de ser normal. Sentei e relaxei!!!!! Depois disso, agradeci aqueles moços que me ajudaram e segui para a aula de inglês, muito mais aliviado!!!

Pois é, esse relato foi motivado pela minha situação atual: na noite passada vivi um momento de rei, do trono para cama e da cama para o trono.
Fazer o quê? É a vida.
Fui.